Todos
os dias era a mesma coisa. O dia amanhecia. O sol lá estava...
Todas
as manhãs eram assim... No jardim flores de todos os tipos e cores: lírios,
crisântemos, margaridas, dálias, rosas e jasmins.
Borboletas
de todas as cores por ali circulavam... Beija-flores iam e vinham por entre as
rosas, lírios e jasmins. Os canários rodopiavam e faziam sua cantoria no
jardim... Os Bem-te-vis davam seus recados e até os quero-queros vinham dar o
bom dia aquele lindo jardim.
E
era assim todos os dias... Todos os dias a vovó Lúcia acordava cedinho. Cinco
horas da manhã. Fazia o café. A neta dormia...
A
neta que ela adotara, perdera os pais ao nascer... E hoje era seu aniversário,
completava 20 anos. Fazia faculdade e em breve se formaria.
O
jardim estava lá todos os dias e a vovó também... A vovó Lúcia não esquecia dos
seus dois amores: A neta e as flores, por isso cuidava com todo amor de ambas.
Depois de fazer o café para a neta ia até seu jardim. Já era 6h. Hora de regar
as flores. Era sagrado, tinha até hora marcada: 6 da manhã e 6 da tarde. Vovó Lúcia
dizia sempre a neta: _ As plantinhas sentem e estão vivas! Olhe como estão
felizes; cada dia mais lindas... Precisas ver o jardim!
Mas
a neta não lhe dava ouvidos. E dizia: _ Vovó, já viu quanto gasta de água com
essas flores todos os dias?
Nunca
fiquei pensando o quanto gastei de água enquanto tomavas aqueles banhos
demorados ou mesmo quando você comprou a piscina... (pensava)
Vovó
Lúcia permanecia regando e sorria ao ver aquele lindo jardim.
_
Vovó, a senhora gasta muita água... A neta estudava Recursos Hídricos. Estava
explicado. Quando Lúcia voltava do jardim, passava pela área onde ficavam as
violetas. Parava e conversava com elas: _ Bom dia minhas lindas! Continuem
assim...
As
violetas estavam floridas e era difícil de comparar a beleza das flores.
Os
anos passam e um dia Lúcia é tomada por um mal súbito. Sente saudades do
perfume das flores, mas não pode visitá-las. Não pode nem regá-las. Doente, com
idade avançada, sem forças nem para regar as flores, Lúcia expira e parte.
Restou a neta e as flores, seus únicos amores ali ficaram. Lúcia foi.
Passados
algumas semanas, a neta que não tinha os mesmos hábitos da avó, esquecera que
aquelas flores eram seres vivos e que não poderiam sobreviver sem o líquido
precioso que sua avó lhes dava todos os dias. As violetas, não tinham mais
nenhuma flor. Algumas já estavam morrendo. E o jardim?
Ninguém
acreditava que no meio daquele monte de galhos secos um dia existiu flores...
Cuidar da natureza, poupar água, cuidar das árvores, evitar que
sejam cortadas. Poupar papel, reaproveitar, reciclar, não gastar água lavando
calçadas. Tudo isto faz parte de nosso cuidado com a natureza e o meio
ambiente. Mas não podemos fazer tudo isto se esquecendo das pessoas e da vida.
Precisamos sim preservar a vida e acima de tudo valorizar aqueles que estão ao
nosso lado e seus valores.
Ismênia
Nunes
Semana
do meio ambiente – 04-05-13 / 19h13