quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Dia Mundial da Alimentação

Alesc 16/10/12 - Simpósio de Segurança Alimentar e Nutricional
 Foto: Ismênia Nunes

Por Ismênia Nunes

No Dia Mundial da Alimentação aconteceu o 1º. Simpósio de Segurança Alimentar e Nutricional, que reuniu profissionais e estudantes das áreas de saúde, alimentação e agronomia para discutir a questão alimentar no Brasil. O brasileiro consome 5 kg de agrotóxicos por ano. O Simpósio focou temas como a alimentação saudável sem agrotóxicos, a agroecologia, a agricultura familiar, o uso livre de sementes, a obesidade, além da busca por uma legislação que trate da publicidade infantil.

O 1º. Simpósio sobre Segurança Alimentar e Nutricional foi realizado na Assembleia Legislativa neste dia 16 de outubro, dia Mundial da Alimentação. O Simpósio contou com a presença de vários palestrantes, entre eles: Maria Emília Pacheco, presidente do Conselho de Segurança Alimentar Nacional - CONSEA. Ela abordou sobre o Direito Humano à Alimentação Adequada e Segurança Alimentar Nutricional. Maria Emília diz que: “A iniciativa é brilhante, temos uma prova de mobilização social e simbólica. Que está discussão aconteça nesta casa, que vem mostrar o compromisso político”.


A presidente do CONSEA relatou que há muito tempo atrás a saúde alimentar estava ligada a questão da fome, hoje o tema é bem mais amplo. A obesidade e a questão da agroecologia são fatores considerados atualmente.  Maria Emília apontou para o problema dos alimentos super processados, alimentos com aditivos químicos, além do uso de uma quantia enorme de veneno. O Brasil é campeã no uso de agrotóxicos, o brasileiro consome cerca de 5 kg de veneno por ano. A inclusão de feiras agroecológicas foi uma das alternativas apresentadas pela palestrante, mas para tanto é necessário toda uma legislação e investimento na área da agricultura. A valorização da agricultura familiar, a distribuição de renda e a conservação da biodiversidade seriam fatores importantes para o sucesso desta iniciativa.

Outra palestrante foi Rosely Scichieri da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, que tratou do tema Consumo Alimentar e a Transição Nutricional. A terceira palestrante Vildes Scussel da Universidade Federal do Estado de Santa Catarina, teve como moderadora Neila Maria Viçosa Machado. A temática foi: Produção de Alimentos Seguros, que encerrou a primeira parte das exposições. O auditório estava lotado, mais de 500 pessoas compareceram no evento.  Os participantes vieram de várias cidades do estado e até de outros estados.

PUBLICIDADE INFANTIL


A professora, doutora Renata Alves Monteiro, mestre de nutrição humana, e que faz parte do observatório de políticas de segurança alimentar e nutrição de Brasília. Focou muito à questão da publicidade infantil, dos malefícios que essa publicidade trás e da luta que está acontecendo para que haja uma moderação nos comerciais direcionados ao público infantil. Enfatizou a questão do uso da propaganda na fase infantil, apontou a vulnerabilidade e da psico insuficiência cognitiva já que a criança não entende as estratégias da publicidade. O uso de personagens, cores, atinge facilmente seu objetivo e faz com que o produto veiculado seja consumido. Hoje as crianças fazem as próprias compras, influenciam na compra da família e são os consumidores do futuro.  O debate girou em torno da regulamentação sobre a publicidade na fase infantil. A mídia usa a criança como um consumidor presente e futuro. Ela associará que era o produto que consumia na infância. Esse tipo de comercial transveste o alimento em saúde, quando na verdade não existe qualquer valor nutritivo. A debatedora foi Aderley Serenita Sartori.

OBJETIVOS

O Simpósio tinha como objetivo discutir os temas relacionados à saúde da população e garantir informações precisas a respeito do tema. Para tanto, faz-se necessário políticas públicas que possam regular e impor limites para os comerciais de alimentos. Propagandas estas que não informam os malefícios dos alimentos e que acabam provocando um consumo excessivo afetando a saúde da população. Essas propagandas veiculadas livremente mostram os alimentos de forma equivocada, principalmente quando o mesmo apresenta um fator nutricional que inexiste e que na verdade são altamente ricos em açúcares e gorduras e que é apresentada a população como se fossem alimentos saudáveis. Os mais afetados acabam sendo o público infantil que está numa idade cognitiva e que acaba sendo amplamente influenciado por estas questões. Diferente do que muitos creem, não é apenas uma simples propaganda, mas elas têm toda uma estratégia para fazer com que as crianças façam com que os pais acabem por comprar o alimento com baixo teor nutricional ou até sem nenhum componente vitamínico. O resultado disso é o crescimento do número de crianças obesas entre 5 a 9 anos. Automaticamente o número de adultos obesos também aumenta. Entre a população masculina 50% estão acima do peso e entre as mulheres 40%.


TRANGÊNICOS


Outra questão levantava foi à questão da semente que está concentrada em grandes conglomerados. Defende-se a ideia de que o manejo das sementes seja livre. As sementes hoje são patenteadas. No caso das sementes transgênicas (geneticamente modificadas), a liberação acontece através do pagamento de royalties. Além disso, estas sementes não podem ser guardadas para um segundo plantio, são sementes estéreis, suicidas.

O último palestrante foi Eduardo Antônio Ribas Amaral do Mapa e o debatedor foi Natal João Magnantti do CONSEA-SC. Os participantes que tiveram pelo menos 75% de presença receberam certificados.
O presidente da Comissão de Saúde da Assembleia, Deputado Volnei Morastoni (PT), que também é médico, recebeu juntamente com o deputado Dirceu Dresch (PT) os encaminhamentos ao final do seminário.