Alesc 16/10/12 - Simpósio de Segurança Alimentar e Nutricional Foto: Ismênia Nunes |
Por Ismênia Nunes
No Dia Mundial da Alimentação aconteceu o
1º. Simpósio de Segurança Alimentar e Nutricional, que reuniu profissionais e
estudantes das áreas de saúde, alimentação e agronomia para discutir a questão
alimentar no Brasil. O brasileiro consome 5 kg de agrotóxicos por ano. O
Simpósio focou temas como a alimentação saudável sem agrotóxicos, a
agroecologia, a agricultura familiar, o uso livre de sementes, a obesidade,
além da busca por uma legislação que trate da publicidade infantil.
O 1º. Simpósio sobre Segurança Alimentar e Nutricional foi
realizado na Assembleia Legislativa neste dia 16 de outubro, dia Mundial da
Alimentação. O Simpósio contou com a presença de vários palestrantes, entre
eles: Maria Emília Pacheco,
presidente do Conselho de Segurança Alimentar Nacional - CONSEA. Ela abordou
sobre o Direito Humano à Alimentação Adequada e Segurança Alimentar
Nutricional. Maria Emília diz que: “A iniciativa é brilhante, temos uma prova
de mobilização social e simbólica. Que está discussão aconteça nesta casa, que
vem mostrar o compromisso político”.
A presidente do CONSEA relatou que há muito tempo atrás a saúde
alimentar estava ligada a questão da fome, hoje o tema é bem mais amplo. A
obesidade e a questão da agroecologia são fatores considerados
atualmente. Maria Emília apontou para o problema dos alimentos super
processados, alimentos com aditivos químicos, além do uso de uma quantia enorme
de veneno. O Brasil é campeã no uso de agrotóxicos, o brasileiro consome cerca
de 5 kg de veneno por ano. A inclusão de feiras agroecológicas foi uma das
alternativas apresentadas pela palestrante, mas para tanto é necessário toda
uma legislação e investimento na área da agricultura. A valorização da
agricultura familiar, a distribuição de renda e a conservação da biodiversidade
seriam fatores importantes para o sucesso desta iniciativa.
Outra palestrante foi Rosely Scichieri da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro – UERJ, que tratou do tema Consumo Alimentar e a Transição
Nutricional. A terceira palestrante Vildes Scussel da Universidade Federal do
Estado de Santa Catarina, teve como moderadora Neila Maria Viçosa Machado. A
temática foi: Produção de Alimentos Seguros, que encerrou a primeira parte das
exposições. O auditório estava lotado, mais de 500 pessoas compareceram no
evento. Os participantes vieram de várias cidades do estado e até de
outros estados.
PUBLICIDADE INFANTIL
PUBLICIDADE INFANTIL
A professora, doutora Renata Alves Monteiro, mestre de nutrição
humana, e que faz parte do observatório de políticas de segurança alimentar e
nutrição de Brasília. Focou muito à questão da publicidade infantil, dos
malefícios que essa publicidade trás e da luta que está acontecendo para que
haja uma moderação nos comerciais direcionados ao público infantil. Enfatizou a
questão do uso da propaganda na fase infantil, apontou a vulnerabilidade e da
psico insuficiência cognitiva já que a criança não entende as estratégias da
publicidade. O uso de personagens, cores, atinge facilmente seu objetivo e faz
com que o produto veiculado seja consumido. Hoje as crianças fazem as próprias
compras, influenciam na compra da família e são os consumidores do
futuro. O debate girou em torno da regulamentação sobre a publicidade na
fase infantil. A mídia usa a criança como um consumidor presente e futuro. Ela
associará que era o produto que consumia na infância. Esse tipo de comercial
transveste o alimento em saúde, quando na verdade não existe qualquer valor
nutritivo. A debatedora foi Aderley Serenita Sartori.
OBJETIVOS
OBJETIVOS
O Simpósio tinha como objetivo discutir os temas relacionados à
saúde da população e garantir informações precisas a respeito do tema. Para
tanto, faz-se necessário políticas públicas que possam regular e impor limites
para os comerciais de alimentos. Propagandas estas que não informam os
malefícios dos alimentos e que acabam provocando um consumo excessivo afetando
a saúde da população. Essas propagandas veiculadas livremente mostram os
alimentos de forma equivocada, principalmente quando o mesmo apresenta um fator
nutricional que inexiste e que na verdade são altamente ricos em açúcares e
gorduras e que é apresentada a população como se fossem alimentos saudáveis. Os
mais afetados acabam sendo o público infantil que está numa idade cognitiva e
que acaba sendo amplamente influenciado por estas questões. Diferente do que
muitos creem, não é apenas uma simples propaganda, mas elas têm toda uma
estratégia para fazer com que as crianças façam com que os pais acabem por
comprar o alimento com baixo teor nutricional ou até sem nenhum componente
vitamínico. O resultado disso é o crescimento do número de crianças obesas
entre 5 a 9 anos. Automaticamente o número de adultos obesos também aumenta.
Entre a população masculina 50% estão acima do peso e entre as mulheres 40%.
TRANGÊNICOS
TRANGÊNICOS
Outra questão levantava foi à questão da semente que está
concentrada em grandes conglomerados. Defende-se a ideia de que o manejo das
sementes seja livre. As sementes hoje são patenteadas. No caso das sementes
transgênicas (geneticamente modificadas), a liberação acontece através do
pagamento de royalties. Além disso, estas sementes não podem ser guardadas para
um segundo plantio, são sementes estéreis, suicidas.
O último palestrante foi Eduardo Antônio Ribas Amaral do Mapa e o
debatedor foi Natal João Magnantti do CONSEA-SC. Os participantes que tiveram
pelo menos 75% de presença receberam certificados.
O presidente da Comissão de Saúde da Assembleia, Deputado Volnei
Morastoni (PT), que também é médico, recebeu juntamente com o deputado Dirceu
Dresch (PT) os encaminhamentos ao final do seminário.